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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Polissemia e homonímia: relação entre significados e significante textual + vídeo


Ocorre a polissemia quando um único significante está associado a significados distintos. No exemplo abaixo, o efeito de humor advém das diferentes interpretações da palavra fazendas, as quais se sobrepõem:
Primeiro foi aquela gata maravilhosa (wonderful pussy) que dizia ser proprietária de grandes fazendas! Eu acreditei? Na verdade eram mesmo fazendas, só que daquelas que após alguns meses viram trapos! Era um monte de panos! (SANTOS, Osmar A. Sem rei, nem bar, somente Osmar. São Paulo: Com-Arte, 1996)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ambiguidade: relação entre significante e significado textual + vídeo


Ocorre a ambiguidade quando um mesmo significante textual está associado a significados textuais diferentes.

Por exemplo, uma propaganda da revista Quatro Rodas apresentava uma tabuleta disposta à frente de uma praia, com a seguinte frase: VENDEM-SE 8000 KM FRENTE PARA O MAR. Abaixo da tabuleta, via-se o Guia de Praias da revista.

Nesse caso, ao significado literal - de que se vendia uma enorme área litorânea - superpôs-se outro: de que se vendia um guia das praias de toda a costa brasileira (os 8.000 km).

domingo, 20 de dezembro de 2009

Paráfrase: relação entre significado e significante do texto


Um texto é um grande signo da linguagem verbal. Enquanto signo, possui um significante e um significado. O significante é a parte perceptível do signo, formada de sons, que podem ser representados por letras e sinais de pontuação. O significado é a parte intelegível do signo, constituída do conceito global que o texto encerra.

Paráfrase

É comum que um mesmo significado textual esteja associado a significantes textuais diversificados, ou seja, diz-se a mesma coisa em outras palavras. Quando isso ocorre, dizemos que os textos se parafraseiam. Por exemplo, são paráfrases os textos 1 e 2 a seguir, sintetizados em frases:

1 - As pessoas de uma classe social não devem se misturar a pessoas de outras classes.

2 - Cada macaco no seu galho. (dito popular)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A sinonímia depende do contexto + vídeo

Quando um significado idêntico ou parecido está associado a significantes diferentes, ocorre a sinonímia entre as palavras.

Por exemplo, são sinônimas as palavras contente e feliz das frases abaixo:

Zizi ficou contente com o presente.
Zizi ficou feliz com o presente.

Para se dizer que as palavras são sinônimas, deve-se considerar o contexto em que elas ocorrem.


Observe as frases a seguir:

a) Feliz possui duas sílabas.
b) Você foi feliz na sua escolha.
c) Um feliz acaso nos uniu.

Em nenhum desses casos feliz pode ser considerado um sinônimo de contente. Não podemos usá-los indiferentemente nesses contextos.

Na frase (a), leva-se em conta apenas o significante de feliz, que é diferente de contente (que contém três sílabas).

Na frase (b), feliz significa bem sucedido, sentido que contente não possui.

E, na frase (c), feliz equivale a venturoso, não correspondendo, pois, a contente.

No vídeo que segue, o professor explica o conceito de signo, abordando o significante e o significado, de modo simples, com ilustrações e exemplos, tratando da sinonímia e de outras relações semânticas:

Língua, discurso e texto: distinções

A língua é um sistema abstrato que só existe, como um todo, na mente da sociedade que dela se serve. Nenhum membro dessa sociedade, isoladamente considerado, tem o domínio completo da língua ou pode modificá-la sem o consentimento do grupo social. Esse sistema governa tudo o que é possível dizer – seja porque já foi dito e aceito um dia, seja porque possa vir a ser aceito algum dia.

Por exemplo, costurar e descosturar, casar e descasar foram ditos e aceitos. Já desmorar (deixar de morar) pode vir a ser dito e aceito, pois é uma virtualidade (possibilidade) da língua portuguesa.

Nesse sistema abstrato, incluem-se entidades, também abstratas, chamadas discursos. Os diferentes discursos correspondem às diferenciadas concepções de mundo que os diversos grupos sociais possuem. Cada tipo de discurso deixa suas marcas sociais naquilo que é dito e determina a concepção de mundo que é adotada.

Por exemplo, se alguém diz “A mulher é inferior ao homem”, produz um discurso de acordo com o pensamento de um grupo da sociedade: o dos machistas.

Os discursos materializam-se através dos textos (orais ou escritos). O texto é um elemento concreto da língua, produzido por um dos indivíduos do grupo social. Cada texto traz as marcas do estilo individual de quem o produziu e as marcas sociais do discurso ao qual está ligado.

Por exemplo, consideremos que as quatro frases a seguir sintetizem quatro textos diferentes:

1) Os brancos têm índole boa, e os negros têm índole má.
2) Este é um negro de alma branca.
3) Você é preto, mas é legal, cara.
4) No cômputo do valor, não se inclui a cor.

Podemos distribuí-los entre quatro estilos diferentes:
- elaborado, formal: (1)
- frase-feita: (2)
- gírio: (3)
- elaborado, poético: (4)

Já quanto às concepções que veiculam, os textos se ligam a dois discursos opostos:
- racista: (1),(2) e (3)
- antirracista: (4)

Resumindo:

A língua é um sistema abstrato e social, abrigando diferentes discursos de grupos sociais. Os discursos se materializam através dos textos produzidos pelos indivíduos da comunidade lingüística.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Coesão Textual e Leitura


O conceito de coesão textual está relacionado às interligações entre os elementos da superfície do texto através de recursos linguísticos, formando sequências orientadas para determinados sentidos.

Em seus estudos, Ingedore Koch considera duas modalidades amplas de coesão: a coesão por remissão e a coesão sequenciadora. A primeira diz respeito aos mecanismos linguísticos de reativação de referentes ou de sinalização textual. A segunda tem a ver com os expedientes que fazem o texto avançar, com a continuidade dos sentidos.

Os mecanismos de reativação de referentes são a anáfora e a catáfora, ou seja, recursos que retomam antecedentes linguísticos do texto (remissão para trás) ou que orientam para o que se enuncia a seguir (remissão para a frente), respectivamente.

A referenciação anafórica pode efetivar-se através de recursos gramaticais – pronomes pessoais de terceira pessoa, possessivos, demonstrativos, indefinidos, relativos, interrogativos, numerais, advérbios pronominais (como: aqui, ali, lá) e artigos definidos –, através de recursos lexicais - sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, descrições definidas – , através de da reiteração de um mesmo grupo nominal ou parte dele ou, ainda, através da elipse.

Exemplos:

A criança puxava o rabo do gato. Sua mãe dizia-lhe que não fizesse aquilo. (O pronome possessivo retoma criança; o pronome pessoal também retoma esse substantivo; o demonstrativo retoma o predicado da oração do primeiro período puxava o rabo do gato.)

Um cliente possuía conta em três bancos. No primeiro, depositava quantias mais elevadas. o correntista aplicava as somas obtidas de negócios escusos que mantinha na cidade. (O numeral retoma bancos; o advérbio retoma no primeiro (banco); a descrição definida retoma cliente; o pronome relativo retoma negócios.)

É comum a referenciação por meio de “pistas” expostas na superfície do texto, ou seja, através da inferenciação. Nesse caso, conhecimentos que fazem parte de um mesmo esquema (frame ou script) são acionados do particular para o geral, de partes para o todo, de um indivíduo para uma espécie e vice-versa. Por exemplo:

A monocultura tende a esgotar a fertilidade do solo. Essas práticas ainda são usuais nos dias de hoje.

O banheiro era espaçoso. Os azulejos eram decorados com motivos florais.

A referenciação catafórica predominantemente se opera por meio de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros (tudo, nada, isso, isto, aquilo), ou, ainda, através de nomes genéricos. Com menor frequência, a catáfora ocorre com os outros tipos de pronomes, com numerais e advérbios pronominais. Exemplos:

Com a neblina, não se enxergava nada: pista, placas de sinalização, acostamento. (o pronome indefinido faz referência a todos os elementos citados a seguir.)

Ela era uma pessoa piedosa, a mãe de Júlio. Dela todos poderiam esperar uma coisa: solidariedade. (O pronome pessoal referencializa a mãe de Júlio; a generalização faz referência a solidariedade.)

A sinalização textual (a que Koch propõe chamar de “dêixis textual”) estabelece uma ordenação entre elementos textuais ou partes do texto, indicando a posição espacial ou temporal do enunciado que é referencializado. Por exemplo:

Leia, abaixo, um resumo do tema abordado no capítulo aterior.

A seguir, exporei as razões pelas quais venho reclamar dos serviços prestados.

Pode-se incluir entre os sinalizadores textuais que indicam posição anterior, remissões com função distributiva. Por exemplo: Os tons azulados e róseos são usados nas paredes externas e internas, respectivamente.

A progressão do texto pode se dar sem remissões ou recorrências; ou efetivar-se através da coesão sequenciadora cujos mecanismos dizem respeito a recorrências de ordem vária: de palavras ou expressões, de tempos verbais, de estruturas (paralelismo), de conteúdos semânticos (paráfrase), de elementos fonéticos ou prosódicos (aliteração, assonância, rima, similicadência ou paralelismo sonoro). Por exemplo:

a) Quando era criança, eu tinha um cachorrinho gordo e peludo. Esse cãozinho chama-se Bolinha. Seu nome correspondia à sua aparência. Rechonchudo, ele acabava por deslizar rolando, quando tentava correr.

b) Enquanto uns prosperam, outros retrocedem. Enquanto uns se modernizam, outros se tornam anacrônicos. Enquanto uns vicejam, outros fenecem.

A sequenciação textual realiza-se através de recursos como a seleção de campos lexicais, o inter-relacionamento entre dois ou mais campos em face da produção de certos efeitos de sentido, os variados tipos de articulação tema-rema e o encadeamento ou conexão.