Quanto aos últimos
acontecimentos no Quilombo Rio dos Macacos, sob o assédio e cerco da Marinha
brasileira (notícia neste
link), quem presenciou o incidente se confessa triste e
revoltado por constatar a total inexistência do Estado de Direito junto às
populações negras, sobretudo aos quilombolas. Diante da presença dos ativistas,
os militares recuaram, mas tal fato não é tranquilizador.
Gellwaar Adun, em
depoimento pelo Facebook, assim se refere aos fatos do dia 28 de maio e às
iniciativas dos ativistas:
Saímos de lá há mais ou
menos três horas. Há muita coisa a ser narrada, mas, confessadamente, a
tristeza e o ódio por constatar a total inexistência do Estado de Direito junto
as populações Negras, em especial quilombolas, nesse momento me tira qualquer tesão
para escrever com detalhes sobre o dia de hoje, 28 de maio de 2012, no Quilombo
Rio dos Macacos. Nota: aquela comunidade não conta sequer com o Direito de Ir,
Vir e Estar.
Conquistamos o recuo dos militares, mas isso não significa absolutamente nada. Nada.
“A ditadura acabou pra quem, cara pálida?”, diria o canoeiro de São Félix. A dita cuja continua viva, como sempre esteve, acossando comunidades Negras, a exemplo do Quilombo Rio dos Macacos e outros territórios Negros.
Amanhã (29 de maio), às 14 h, teremos uma PAUTA IMPORTANTE na Defensoria Pública, que fica no STIEP. É importante que o máximo de pessoas esteja presente.
Na sexta feira (1º de junho), teremos reunião na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e, possivelmente, com a presença da Ministra. O horário será definido ao longo da semana.
Estou realmente cansado e triste com tudo o que presenciamos hoje e com o estado de alerta/tensão que uma situação dessas acarreta, pois não sabemos o que poderá ocorrer esta noite ou durante os dias que seguem. A nossa presença, em grande medida, explicita aos militares que não estamos para brincadeira. No entanto, preocupamo-nos exatamente com os momentos de nossa ausência.
Queremos agradecer a mobilização de todo mundo em torno da questão. Mantenhamo-nos alertas. Miriam Castro, Josineide da Costa Atividades Denuncio, Fabio Arruda, Daniela Luciana Silva Conceição Oliveira Luana Soares e todos os demais ativistas. A predisposição de vocês para a luta e articulação/mobilização nacional sempre foi e é fundamental. O Quilombo Rio dos Macacos não está sozinho, nem nenhum de nós que estamos envolvidos com esta luta. Há muito a ser feito ainda. Fiquemos atentos.
Espero que a informação tenha sido transmitida a contento. Tentarei publicar algumas fotos que fiz do campo de batalha. Digam-me se estamos exagerando ao adjetivarmos de Guerra o que aquela comunidade tem vivido.
P.S.: Ah, por favor, alguém defina Estado de Direito.
#sejaquilomboriodosmacacos vctb
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