O que o professor deve saber sobre a nova ortografia? Como ensinar as novas regras do hífen e da acentuação gráfica? Como ensinar crianças? Como ensinar alunos alfabetizados com a velha ortografia?
As questões acima são exemplos de dúvidas que se apresentam para professores de língua portuguesa nos diversos níveis. A partir de agora e nas próximas postagens, passaremos a dar orientações sobre o tema Aprender e ensinar a nova ortografia.
Em primeiro lugar, o professor deve tomar conhecimento do Acordo Ortográfico de 1990, com as alterações e suplementações feitas na quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). Nesse sentido, o primeiro passo é saber o conteúdo da Base I do Acordo:
DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS
1º) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á) - b B (bê) - c C (cê) - d D (dê) - e E (é) - f F (efe) - g G (gê ou guê) - h H (agá) - i I (i) - j J (jota) - k K (capa ou cá) - l L (ele) - m M (eme) - n N (ene) - o O (o) - p P (pê) - q Q (quê) - r R (erre) - s S (esse) - t T (tê) - u U (u) - v V (vê) - w W (dáblio) - x X (xis) - y Y (ípsilon) - z Z (zê).
Obs.:
1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos:
rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.
2º) As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropônimos (nomes de pessoas) originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, ftankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo: Wagner, wagneriano, Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topônimos (nomes de lugares) originários de outras línguas e seus derivados:Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.
3º) Em congruência com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes:comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano, de Shakespeare.
Os vocábulos autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, bungavília/ bunganvílea/ bougainvíllea).
4º) Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um desses dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.
5º) As consoantes finais grafadas b, c, d, g e h mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropônimos e topônimos da tradição bíblica:Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat.
Integram-se também nesta forma: Cid. em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calcem ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições.
Nada impede, entretanto, que dos antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final: Jó, Davi e Jacó.
6º) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente.Exemplos: Anvers, substituíndo por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Justland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc.
É importante frisar, aqui, que o Acordo trata de letras, portanto não há como pensar em quais seriam vogais ou consoantes. A classificação em vogais ou consoantes é dada aos fonemas (sons) das palavras, não cabe no que se refere às letras (representações escritas de sons). O professor também deve estar atento ao fato de que não se escreve kilograma ou kilômetro, apenas se usa a letra k nas abreviatura kg e km.
Até o próximo Passo.
Profª Sonia
E-mail para contatos: lelovni@yahoo.com.br
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