O VOLP E O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
(Palestra de Evanildo Bechara, dia 17/03/2009, apresentada online no site da ABL.)
Quatro princípios metodológicos nortearam a elaboração da 5ª edição do VOLP:
1º Obediência ao Acordo de 90 (critério “acaciano”), daí se seguem regras gerais.
2º Leitura do Acordo de maneira mais ampla, daí se seguem regras específicas.
- OI e EI sem acento – porque há lugares da lusofonia onde o ditongo não é tão marcado.
Regra geral prevalece em: destróier, Méier (paroxítonos terminados em R).
- OO e EE sem acento – em 1945 não eram acentuados, em 1943 eram. O Acordo atual é mais próximo do de 45.
Regra geral prevalece em: herôon (paroxítono terminado em N). Suplementa o Acordo. Significa templo para cultuar heróis gregos e romanos.
- Problemas gerados pelo uso de etc. nas listas de exceções do Acordo – no VOLP, consideraram-se apenas as exceções explícitas mais o critério de os derivados seguirem a excepcionalidade dos originais. Exemplos: paraquedas > paraquedismo, girassol > girassolzinho, pontapé > pontapear.
- Quanto aos compostos, a tradição brasileira e lusitana não tem dúvida em aglutinar formas como abrolhos, passatempo, passaporte, valhacouto. Quando não houve coincidência, como em rega-bofe (Brasil) e rega bofe (Portugal), seguiu-se o critério de haver ou não elemento de ligação entre as palavras (substantivos, verbos, adjetivos): sem elemento de ligação vai hífen (rega-bofe, vaga-lume); com elemento de ligação não vai hífen (pé de galinha, ponto e vírgula).
3º Espírito imanente do Acordo (simplificação).
- As locuções adverbiais, adjetivas, pronominais, conjuncionais não eram hifenizadas, com exceção de uns cinco casos. Isso era difícil para o falante. Daí o hífen ter sido retirado de todas as locuções. Por ex.: dia a dia, à toa.
Problemas:
a)Onomatopéias – havia com e sem hífen. Dar nome a sons é semelhante a nomear as coisas (Saussure), daí se pode considerar a onomatopéia como o substantivo: substantivo sem elemento de ligação vai hífen, então em onomatopéia também vai, ex. reco-reco, cri-cri. Os derivados também deveriam seguir esse critério, mas, como a tradição não usava o hífen, o VOLP também não usa. Ex. cricrilar.
b)Locuções lexicalizadas (= valor de substantivo) – sem hífen. Ex.: maria vai com as outras.
3ºObservar os VOLPs anteriores e, com base neles, suprir lacunas.
Vogais iguais – com hífen, para garantir a integridade de cada vogal, evitando-se a crase. Ex.: anti-ibérico. Mas, nos últimos cem anos da língua, não é normal haver a crase em REE e em COO, daí o VOLP supriu o Acordo, mantendo esses derivados sem hífen. Ex.: reeleição, cooperar.
E-mail para contatos: lelovni@yahoo.com.br
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