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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Várias mãos dispararam contra o cinegrafista e o ambulante


Várias mãos dispararam contra o cinegrafista e o ambulante - Uma intensa polêmica midiática sobre quem teria lançado um artefato que atingiu o cinegrafista da Band (notícia) esconde outras vítimas e outras mãos, e mazelas neste país. Enquanto o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade era gravemente ferido, no último dia 6, um vendedor ambulante, idoso, em pânico com a repressão policial (imagens), acabou sendo atropelado no mesmo local (notícia). Mas eles não são as únicas vítimas e vários são os responsáveis por essas ocorrências no Brasil. É sobre isso que a professora Katia Motta faz a contundente reflexão que transcrevemos a seguir:   

Eu sei é que, no fundo, tudo é muito triste. De onde quer que tenha saído o bólido que feriu o jornalista, várias foram as mãos que o dispararam.

A mão pesada do Estado que parece não se importar com as agruras do povo nos coletivos, indo ao trabalho, todos os dias. Na Central, lugar conhecido no Rio por ser palco de roubos, furtos, agressões, só se viu a presença das forças de segurança do Estado para atuar como guarda patrimonial da Supervia. Lá dentro, pelos relatos, pelas fotos, é possível ver mulheres, idosos, crianças sendo atacados com cassetetes e bombas! 

A mão enluvada dos governantes também guarda o sangue desse inocente, pelo descaso, pela corrupção, pelo desprezo ao povo mais humilde. 

A mão escorregadia da mídia corporativa também lá esteve, farejando sangue, desinformando, manipulando, sem escrúpulos nem mesmo com seus trabalhadores. Como se explica que uma rede de TV nacional não mande seus profissionais a campo com equipamentos de segurança? Qualquer mídia ativista sabe que não se pode ir a uma cobertura dessas sem proteção, porque a polícia, em sua ação desmedida, cegou um jornalista e deixou outros muitos feridos. 

Em tudo também a marca da mão de ferro desse sistema em que vivemos, no qual as tragédias cotidianas não parecem ter valor algum se não for business. 

E é assim que o doloroso encontro do jornalista com essas mãos que disparam o artefato tem tanta cobertura, enquanto pouco se fala que, no mesmo dia, um idoso perdeu sua vida a alguns metros à frente, na mesma avenida. Este, eu vi de perto sob as rodas do ônibus, ainda vivo, enquanto muitos chamavam o socorro, outros se revoltavam com o motorista e outros, como eu, diziam que ele era apenas um trabalhador. 

Quantos idosos não passam horas acenando para ônibus que passam sem parar, guiados por motoristas que também recebem as passagens para o dono da empresa que transforma em festa no Copacabana Palace o suor e o sangue de ambos? Para nós, trabalhadores de um mundo que cada vez mais aperta as engrenagens da moenda, para nos extrair até a última gota, talvez o mais premente não seja saber que mão de indivíduo lançou a bomba, mas saber quem será o próximo ou quando será nossa vez. 

Ao idoso falecido e a sua família.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A espetacularização pela mídia das ocorrências recentes na USP - Moção de Repúdio na ECA

Estudantes de Comunicações e Artes da USP não querem ser profissionais irresponsáveis como os da grande mídia.

Em assembleia geral, os estudantes de Comunicações e Artes da ECA-USP aprovaram Moção de Repúdio à forma como o movimento estudantil tem sido mostrado pela mídia brasileira.

Moção de repúdio à cobertura da mídia

A Assembleia Geral dos estudantes da ECA aprovou a moção a seguir em repúdio a maneira como o movimento estudantil tem sido retratado na imprensa e se apresenta nas seguintes palavras:

Nós, estudantes de Comunicações e Artes da ECA/USP, vimos explicitar o nosso repúdio à maneira como a imprensa hegemônica tem exposto os acontecimentos recentes no campus da USP.

Estamos constrangidos com a maneira preguiçosa e irresponsável como a imprensa e a televisão têm feito seu trabalho, limitando-se a vender o espetáculo originário de uma cobertura superficial e pautada no senso comum. Entendemos as comunicações e as artes como agentes essenciais na conscientização e na transformação da sociedade. Para isso, o jornalismo não pode ser um mero reprodutor de discursos circulantes, mas sim um instigador de debates e inquietações.

O que assistimos recentemente foi uma reprodução incansável de estereótipos, que só serviram para manipular a opinião pública contra as lutas que são primordiais dentro do campus. Como estudantes de universidade pública, é também nosso papel questionar a maneira como a mídia trata os movimentos sociais, principalmente como ela tem tratado o movimento estudantil. Buscar entender as raízes do problema exige apuração minuciosa, princípio básico do jornalismo. Posições existem, mas elas não podem ocultar ou distorcer fatos.

O nome do que está sendo praticado é antijornalismo. A sociedade não financia a nossa formação para sermos profissionais como esses.

Fonte: http://www.facebook.com/DCEdaUSP/posts/200135680064376
Fotos do Ato Público no Largo São Francisco, em São Paulo, dia 10/11/2011