segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Povos Indígenas expressam recusa em serem tratados como povos sofridos ou miseráveis

Em sua Declaração dos XI Jogos dos Povos Indígenas, os índios repudiam serem tratados como pessoas sofredoras e miseráveis. Eles destacam que “a miséria e a pobreza humana estão nas cidades do homem branco”.  E conclamam todas as esferas dos governos nacionais a que respeitem a natureza.

Essa declaração foi lida por Maria Aparecida Apinajé, no encerramento dos jogos, no dia 12 de novembro de 2011. Os jogos foram realizados em Porto Nacional (TO). Seguem o texto do documento (os grifos são nossos), link para histórico dos jogos e vídeos:

DECLARAÇÃO DO XI JOGOS DOS POVOS INDÍGENAS

Nós participantes dos XI Jogos dos Povos Indígenas, reunidos por uma semana aqui na beira do Rio Tocantins em Porto Nacional, declaramos o seguinte:


Primeiro agradecemos ao Grande Espírito, ao Criador das águas, das estrelas, do sol, do ar que respiramos e da vida.

Somos guerreiros de 38 Povos do Brasil e saímos de nossas comunidades com alegria, viajando até quatro dias para participar desse grande momento de celebração entre irmãos. Unidos pela proteção da Mãe Terra e da Natureza.

Como filhos da Terra, nosso compromisso é com a vida! 

Por isso, recomendamos ao Governo do Brasil que escute a nossa voz, escute a voz das águas, escute a voz da terra.

Não aceitamos mais que nos tratem como povos sofridos ou miseráveis. A miséria e a pobreza humana estão nas cidades do homem branco. Choramos quando vemos crianças e velhos sem casa, sem comida e sem vida. 

Agora que estamos terminando esse trabalho de integração dos Povos, agradecemos ao governo do Brasil, ao governo do Estado e ao governo municipal, mas principalmente ao povo irmão que nos recebeu nesse lugar. Jamais esqueceremos a alegria das mulheres, dos homens e de suas crianças que nos aplaudiram. 

Aprendam a proteger essas águas e não deixem que a loucura do desenvolvimento continue a matar o futuro de seus filhos! Nós somos aliados de vocês!

Irmãos brancos e negros, somos aliados da paz. 

Somos aliados de um Brasil forte. Um Brasil que mostre ao mundo que a qualidade de vida é um direito soberano da paz. Um Brasil que constrói seu futuro com equilíbrio ambiental e um desenvolvimento onde não haja ricos e pobres. 

Quando chegarmos lá em nossas aldeias, vamos cantar, contar o que vimos aqui.

Sempre defenderemos nossas dignidades, nossos valores e nossas terras, pois Terra é Vida!

Fonte: Facebook



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