Na Rio+20, em
13 de junho de 2012, os povos indígenas da Amazônia saúdam e proclamam a
mensagem recebida da liderança indígena reunida no Canadá durante a Cerimônia do Fogo Sagrado:
O alicerce
espiritual do Encontro da Liderança
Internacional Indígena baseia-se na compreensão da fundamental integridade e
unidade de qualquer tipo de vida: todos os membros da família humana são partes
integrantes do antigo círculo sagrado da
vida. Todos nós somos parte do círculo
sagrado da vida, provimos todos, povos indígenas, da Mãe Terra. Isso faz
com que cada ser humano seja responsável pelo seu próprio bem-estar e pelo dos
seres vivos da nossa Mãe Terra.
Os povos indígenas
avançam na reconstrução e na reunificação das Américas, por intermediário de leis
naturais e de princípios diretores inerentes à nossa visão indígena do mundo e da
ordem jurídica - princípios que têm base espiritual durável, fundamento eterno.
- Dispomos de antigas profecias e de clara visão
de um futuro de justiça social e de prosperidade coletiva para as Américas
e para além delas. Essa nova civilização global que se revela foi prometida
pelos Anciãos e pelo Ancião dos Dias: ela glorifica totalmente
as leis naturais, os direitos da Mãe Terra, a unidade e a diversidade da família humana. Esta nova primavera
espiritual, prevista por nossos antepassados, que desponta hoje no mundo, é
tão certa quanto é certo que o sol nasce em cada manhã.
- Temos uma forte base espiritual, sólida e
inquebrável, dos valores culturais e dos princípios orientadores que nos capacitam
a içar-nos rumo ao nosso destino prometido. Estamos mais fortes e mais
sábios do que nunca, após um prolongado inverno espiritual. Esse longo
inverno espiritual esteve às vezes repleto das mais extremas crueldades
humanas, de violência, de injustiça, de abuso, de genocídio físico e
cultural.
Apesar destes desafios, em todas as Américas e na
Mãe Terra, nossos povos indígenas descobrem suas identidades culturais e
espirituais, melhoram através delas nossos relacionamentos sagrados, entre nós
mesmos, com a Mãe Terra e com outros membros da família humana.
- Juntos com outros povos indígenas e
membros da família humana, nós temos atualmente as capacidades cultural,
espiritual, científica, tecnológica, social, ambiental e econômica. Essas
capacidades e sabedorias são agora suficientes para criar e reconstruir nossas
famílias, tribos e nações mais fortes e unidas do nunca.
- O crescente capital coletivo social e
econômico dos nossos povos indígenas da Mãe Terra, associado aos vastos
recursos naturais, pode transformar em realidade nossos sonhos e visões.
Isto supõe a plena proteção, conservação e restauração de nossa amada Mãe,
herança sagrada para as gerações atuais e as que ainda não nasceram.
Por outro lado, fica claro que essas riquezas coletivas
estorvam o nosso caminho para nos tornarmos uma das principais forças espirituais
e econômicas, não apenas nas Américas, mas em toda a Mãe Terra.
A partir de agora, ainda mais no futuro,
estamos destinados a desempenhar um papel crescente como líderes principais,
sabiamente mandatados para explicar a sustentabilidade, as guias harmoniosas para
saber se devemos ou não explorar os recursos da Mãe Terra. Garantimos que nunca
haverá exploração das riquezas naturais da Mãe Terra que não seja sustentável, independentemente
do lucro que se possa obter.
Nossos sítios sagrados e a salubridade da nossa
amada Mãe Terra não estarão nem à venda nem abandonados ao lucro desenfreado!
- Nós, Povos Indígenas da Águia do Norte
(Canadá e EUA) temos meios materiais para ajudar diretamente os nossos
parentes indígenas do Condor do Sul (América Latina) e para permitir-lhes
desenvolver seus próprios recursos coletivos, da maneira que eles escolherem.
O Condor do Sul também tem recursos para doar à Águia do Norte. Nossa
maior força – que deve ainda ser plenamente realizada – é a nossa unidade
espiritual e cultural.
- Pela utilização das técnicas digitais modernas
de comunicação e das correspondentes tecnologias e economias verdes, em harmonia
com nossas fortes capacidades coletivas, sociais, econômicas, culturais e
espirituais, lutamos, como prometido, por um futuro de justiça social,
ambiental e econômica para todos os membros da família humana e da nossa amada
Mãe Terra.
- O principal desafio que temos em frente, tanto
como povos indígenas, quanto como Família Humana que deseja reconstruir as
Américas e além delas, é a desunião. Esta desunião foi diretamente causada
pelo genocídio e pelo colonialismo. O genocídio e a colonização conduziram
a um trauma intergeracional, que ainda não foi resolvido, e a uma opressão
internalizada – dois problemas atualmente em vias de serem plenamente
reconhecidos e abordados.
À medida que
avançamos corajosa e sabiamente, cada dia com mais amor, compaixão, justiça e união,
instauramos uma permanente e inquebrável fundação espiritual e cultural que
deve conduzir ao restabelecimento e à ação coletiva para proteger e restaurar o Sagrado por todos os lugares da Mãe Terra.
O necessário
para a nossa vitória final, para a realização desta fundação espiritual e
cultural tendo como objetivo uma ação piedosa, sabia e unificada, chegará na
hora e no lugar certo, de maneira graciosa e segura, como previsto por nossos anciãos
nos Quatro Princípios Indígenas Mundiais
Orientadores da Edificação e da Prosperidade Harmoniosa e Sustentável nas
Américas e além delas.
Os 16
princípios para a construção de uma comunidade mundial sustentável e harmoniosa
surgiram de um processo de 40 anos de consulta, reflexão e ação dentro das
comunidades indígenas das Américas. Eles estavam nas preocupações de centenas
de líderes espirituais, indígenas, anciãos e membros da comunidade, assim como
no melhor pensamento de numerosos estudiosos não indígenas, de pesquisadores e
de profissionais das comunidades de desenvolvimento humano.
Estes
princípios orientadores constituem a base do nosso processo de restabelecimento
e de desenvolvimento (mental, emocional, físico e espiritual), do nosso
relacionamento humano (pessoal, social, político, econômico e cultural) e da nossa
relação com a Mãe Terra. Eles descrevem como devemos trabalhar, proteger e
valorizar.
Doamos estes
princípios orientadores como um presente para os que desejam construir uma
comunidade global sustentável e harmoniosa.
Preâmbulo
Nós nos
expressamos, enquanto unidade, guiados pelos ensinos sagrados e tradições
espirituais das Quatro Direções que elevam, guiam, protegem, advertem, inspiram
e desafiam a totalidade da família humana a fim de viver de maneira sustentável,
melhorar a vida dos homens e de todas as espécies que habitam a Mãe Terra. Pela
presente, dedicamos nossas vidas e energias para aperfeiçoarmos a nós mesmos,
para tecer relações construtivas com o nosso mundo e com a nossa maneira de
convivermos com a Mãe Terra.
Os Princípios Orientadores
A partir do
nosso foro interior, trabalhando em círculo de maneira sagrada, salvamos e
desenvolvemos nossas próprias pessoas, nossas relações e nosso mundo.
COMEÇAR
POR DENTRO
Os seres
humanos podem transformar seus mundos. A teia de nossas relações com os outros
e com o mundo natural - que deu origem aos problemas que enfrentamos como
família humana pode ser alterada.
O desenvolvimento vem de dentro – O processo de desenvolvimento humano e
comunitário se manifesta em pessoas, relacionamentos, famílias, comunidades e
nações.
Sem visão, não há desenvolvimento – Ter uma visão da pessoa que desejaríamos ser,
ter uma ideia do mundo sustentável que gostaríamos de ver, agem como um
poderoso imã que nos conduz ao nosso potencial.
A salvação é parte necessária do
desenvolvimento – Resgatar o
passado, cicatrizar velhas feridas e adotar hábitos saudáveis de pensamento e de
ação para substituir pensamentos disfuncionais e disposições perturbadoras nas relações
humanas são indispensáveis ao processo de desenvolvimento sustentável.
TRABALHAR
EM CÍRCULO
Interconectividade – Tudo está interligado e, portanto, qualquer
aspecto de nossa salvação e do nosso desenvolvimento está relacionado aos
outros (pessoal, social, cultural, político, econômico, etc.). Quando
trabalhamos em uma parte, o círculo inteiro é afetado.
Sem unidade, não há desenvolvimento – Unidade significa unicidade. Sem unidade, a unicidade
comum que faz com que (aparentemente) seres humanos separados se integrem em
"comunidade" é impossível. Desunião é doença primária da comunidade.
Sem participação, não há desenvolvimento – A participação é o envolvimento ativo das
mentes, dos corações e das energias do povo em seu processo de auto-salvação e de
auto-desenvolvimento.
Justiça – Cada pessoa (independentemente do sexo, da raça, da idade, da cultura,
da religião, da orientação sexual) deve receber igual oportunidade para
participar ao processo de salvação e de desenvolvimento, assim como receber uma
parte equitativa dos benefícios.
DE FORMA SAGRADA
Espírito – Os seres humanos são por natureza materiais e espirituais. Por isso,
é inconcebível que a comunidade humana torne-se sustentável sem que as nossas
vidas estejam em fase com as exigências da nossa natureza espiritual.
Moral e Ética – O humano sustentável e o desenvolvimento da comunidade exigem uma
base moral centrada na sabedoria do coração. Sem este fundamento espiritual, os
princípios morais e éticos declinam e o desenvolvimento para.
A mágoa de um é a mágoa de todos; a honra de um
é a honra de todos – O principio
básico de nossa unicidade como família humana diz que é inaceitável ou
insustentável o desenvolvimento de uns em detrimento do bem-estar dos outros.
O desenvolvimento autêntico tem base cultural – A salvação e o desenvolvimento devem estar
enraizados na sabedoria, no conhecimento e na cultura viva do povo.
SALVARMOS
E APRIMORAMOS A NÓS MESMOS, AS NOSSAS RELAÇÕES E O NOSSO MUNDO
Aprendizado – Os seres humanos são aprendizes. Começamos aprendendo enquanto ainda
estamos no ventre de nossa mãe e, a menos que algo aconteça que atrapalhe as nossas
mentes e paralise as nossas capacidades, continuaremos a aprender durante a
vida inteira. O aprendizado está no cerne da salvação e do desenvolvimento.
Sustentabilidade – Sustentar algo significa mantê-lo durante
longo período. O desenvolvimento autêntico não deve esgotar nem destruir o que
é necessário para manter as coisas funcionando.
Mover para o positivo – O melhor meio de resolver os problemas
críticos de nossas vidas, de nossas comunidades, é o de visualizar o que
desejamos criar e de movermos rumo ele escolhendo as alternativas positivas,
apoiados em nossos pontos fortes, ao invés de desperdiçarmos a nossa energia
lutando contra o negativo.
Seja a mudança que você quer ver – As mais poderosas estratégias para mudar as
coisas sempre supõem atitudes positivas e exemplos vivos das soluções que
estamos propondo. Ao percorrer o caminho, tornamos o caminho visível.
Com calorosas
e amorosas saudações de Solidariedade,
Chefe
hereditário Phil Lane Jr,
presidente do Four
Worlds International Institute
Contato : 4worlds@uleth.ca
Skype: planejr1234
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