quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma canção em homenagem aos que vestiram luto para a democracia

A paródia bem-humorada de Max Gonzaga e Banda Marginal, Classe Média, apresentado no Festival Cultura em 2006 (São Paulo - SP), reflete bem o clima reinante em camadas sociais de São Paulo e outras cidades do Sul e Sudeste brasileiros neste pós-eleições brasileiras, quando se ouvem frases de crítica à grande maioria da população que elegeu Dilma Rousseff para a presidência do Brasil. Abaixo, um vídeo de animação sobre o tema e o vídeo do Festival, seguidos da letra da música.



Sou classe média, papagaio de todo telejornal
Eu acredito na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média, compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos” e vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos, estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote CVC tri-anual

Mas eu tô nem aí se o traficante é quem manda na favela
Eu não tô nem aqui se morre gente ou tem enchente em Itaquera,
eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com o estado quando sou incomodado
pelo pedinte esfomeado que me estende a mão,
o para-brisa ensaboado, é camelô, biju com bala
e as peripécias do artista malabarista do farol

Mas se o assalto é em Moema, o assassinato é nos Jardins
e a filha do executivo é estuprada até o fim,
aí a mídia manifesta a sua opinião regressa
de implantar pena de morte ou reduzir a idade penal

E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
enquanto aumento a audiência e a tiragem do jornal

Porque eu não tô nem aí se o traficante é quem manda na favela
Eu não tô nem aqui se morre gente ou tem enchente em Itaquera,
eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

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