segunda-feira, 1 de março de 2010

Formação de Palavras e Efeitos de Sentido


O uso de certos elementos na formação de palavras, em dados contextos, produz efeitos de sentido:
  • efeitos de subjetividade – denunciam o envolvimento pessoal do falante em relação ao que ele diz;
  • efeitos de objetividade – acobertam o envolvimento do falante, criando a ilusão de imparcialidade e de objetividade deste diante do que diz;
  • efeitos de humor – revestem de um sentido cômico o que foi dito.
Entre os efeitos de subjetividade, destacamos os seguintes:
Efeito de depreciação e/ou ironia
O falante demonstra depreciar e criticar negativamente alguém ou algo através do uso dos seguintes processos de formação de palavras:
- derivação com sufixos aumentativos ou diminutivos sem estabelecer relação com o tamanho ou a proporção:
Você é mandona, hein?!
Tire o bocão do meu refrigerente!
Ele é um advogadozinho de porta de cadeia.
Aquelazinha vai me pagar pelo que me fez.
Que banheiro limpinho, cheio de xixi!
- derivação com os sufixos –ICE, -ÇÃO e –AGEM:
Este filme é uma chatice.
As ofertas da loja são uma enganação.
Que picaretagem aquela propaganda!
- derivação com os sufixos –UDO, -ENTO, -EIRO:
Nossa que garota papuda, só conta vantagens.
Que menino remelento!
Virou noveleira, é?
- derivação com o prefixo SUB-:
Estou subvivendo nesta pocilga.
Ele tem um jeito suburbano de falar.

Efeito de exaltação positiva
O falante demonstra apreciar e criticar positivamente alguém ou algo através do uso dos seguintes processos de formação de palavras:
- derivação com sufixos aumentativos sem estabelecer relação com o tamanho ou a proporção:
Meu vizinho é um gatão.
Que camiseta lindona.
Fizemos um jogaço ontem.
Ele é um maridão, gosta muito dela.
- derivação com os prefixos SUPER-, HIPER-, ULTRA-, ou composição com o radical MEGA:
Esta embalagem é supereconômica.
Ouça, isso é hiperimportante.
Vejam como sou ultrarrápida.
Não perca a megaliquidação de verão.

Efeito de afetividade ou puerilidade
O falante demonstra afeto e/ou emoções infantis (geralmente para seduzir o ouvinte), com o uso dos seguintes processos de formação de palavras:
- derivação com sufixos diminutivos:
Quer uma frutinha, seu Pedro?
Vesti esta blusinha bem decotadinha só pra te provocar.
Filhinho, sua namoradinha chegou.
- reduplicação:
A titia vai limpar o bumbum da Tatá.
A vovó trouxe um au-au pra você.
Para produzir efeito de objetividade é comum o uso das formas analíticas, em vez das derivadas, nos aumentativos, diminutivos e superlativos absolutos:
Eles possuem um terreno bem grande na praia. (Em vez de terrenão ou terreno grandão.)
Elas moram num pequeno apartamento. (Em vez de apartamentinho ou apartamentozinho.)
A região é bastante rica em minérios ferrosos. (Em vez de riquíssima.)
É comum a produção do efeito de humor através da derivação ou da composição, associando-se morfemas de áreas semânticas usualmente incompatíveis:
Os políticos estão atacados de ecologite. (Isto é, estão exagerando no tratamento de temas ecológicos, o que é visto como uma patologia, com o uso de –ITE, que significa moléstia infecciosa.)
Ela tem um irmãozudo que vocês precisam ver. (Isto é, um irmão muito atraente.)
Convidaram o Dinherildo para padrinho. (Isto é, convidaram alguém por interesse material.)
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